segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O tempo

Ultimamente, tenho gasto muito tempo pensando... no tempo! No tempo que gasto dia após dia, trabalhando, planejando, lutando, correndo, comprando, consertando, corrigindo, avaliando etc...

De uns tempos para cá, eu percebi que estava sempre ansioso pelo fim dos semestres, como se sempre visualizasse um tempo melhor para viver depois dos tempos agitados do trabalho. Olhava para os meses de dezembro como se pudesse neles curtir melhor a vida, arrumar as coisas que precisam ser arrumadas, passar melhor o tempo com meus filhos, desfrutar melhor de minhas horas livres. Sabe aquelas coisas que a gente nunca consegue fazer no dia-a-dia e que ficam acumuladas para os tempos de férias? E sabe aquela sensação de querer fazer todas estas coisas neste tempo futuro e mágico chamado férias?

— Pois bem. Agora que estou pensando mais sobre isto, eu acho agora que eu estava mais 'morrendo' do que querendo viver, de fato. Parei para pensar que são muitos meses de angústia desejando os poucos dias de férias. Não dá para ficar nestes muitos meses somente lutando para sobreviver até os tais dias mágicos das férias. Além disto, estes dias são pura ilusão: a gente nunca faz ou consegue fazer tudo o que planeja para eles. As férias demoram para chegar e passam como um raio!

Vida é o que acontece agora, enquanto fazemos planos para as férias, como mais ou menos dizia John. Vida é mais o dia-a-dia do ano, que o período de ócio de nossas férias.

Foi pensando assim que tomei algumas resoluções de vida. Não são estatutos ou novas leis que vão reger minha vida a partir de agora, mas quero pensar nisto como medidas para salvar a vida que ainda tenho. Vou citar algumas delas, porque ainda há mais a se acrescentar, mas ainda não estou certo delas.

Em cada post, quero fazer uma nova resolução. Eu vou começar devagar, pra ver se consigo cumprir o máximo de resoluções. Para começar, neste post, eu quero dizer que...

1 — Eu não vou mais enfiar nas férias as tarefas que tenho que fazer durante o ano.

Isto só me faz entulhar meu período mais 'produtivo' para o ócio. E ócio é o fazer nada. Nada mais contraditório do que querer fazer nas férias as tarefas que matarão seu principal objetivo: descansar. — Sabe aquele box do banheiro da casa que precisa de reparos? Tenho que consertá-lo agora! — Sabe aquele escritório que está uma bagunça? Preciso achar forças para colocá-lo em ordem agora (que Deus me ajude nesta empreitada!). Não dá mais para deixar para depois estas tarefas. O nome disto é procrastinação e isto acaba com nossa vida.

Uma coisa que sempre acontece com meu semestre de trabalho é que eu fico com aquela impressão de que este é um dos semestres mais atarefados que tenho. Mas todo semestre é assim. Em todo semestre eu fico na correria do trabalho e vou adiando as coisas da vida, como fazer aquela pipa para meu filho, sair com minha mulher, ler com minha filha, consertar as coisas da casa etc. Não que eu não passe algum tempo com minha família, mas não acho que este tempo seja suficiente.

Uma vez eu lí que um antigo presidente americano disse que sempre escolhia para assessores as pessoas que tinham a maior quantidade de atribuições. Ele dizia que uma pessoa que faz muita coisa ao mesmo tempo não é uma pessoa sem tempo, mas uma pessoa que domina o tempo que tem e que, por isto, era ideal para ser sua auxiliadora.

Esta é minha primeira resolução: ser uma pessoa que domina seu tempo, fazendo o máximo com o tempo que disponho, fazendo agora para não deixar para depois.

Falando nisto, vou parar por aqui, para dar atenção à minha família... :-)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Eu vou justificar meu voto!

Não, eu não estarei viajando no próximo domingo. Estou agora, mas voltarei a tempo para poder votar. O caso é que, nestas eleições, não dá para votar sem antes fazer uma justificativa, quase um mea culpa, pela escolha feita. E isto é particularmente especial neste segundo turno, quando o bicho vai pegar ou o bicho vai comer — não adianta ficar, nem correr; ou seja, não adianta votar ou anular.

Foi-se o tempo em que votávamos pelas idéias, pelas ideologias partidárias, pelas bandeiras dos candidatos. Eu me lembro da campanha de 1989. Ainda tenho as fotos que tirei de Lula, quando veio a Conquista. Fotos em preto e branco, bem adequadas ao sentimento que tínhamos naqueles tempo. Nós sonhávamos com uma revolução, uma transformação política, vinda de um partido que representava tudo de bom e ético que defendíamos, diante de uma política corrupta e corrompida.

Eu me lembro que eu acompanhava o noticiário político e econômico desde muito cedo e uma coisa sempre me chamava a atenção: todas as notícias sobre corrupção nunca citavam o nome do partido do envolvido na denúncia. Na época, não havia Internet nem outro meio de consulta rápida, mas eu procurava em jornais ou outros meios os nomes dos partidos envolvidos em denúncia. Eram quase sempre partidos de direita, ligados à antiga Arena, o partido dos milicos. O PT quase nunca aparecia nestas denúncias. Bem, dirão hoje aqueles que o criticam: eu governava quase nada, umas poucas cidades. Mas não era somente por isto. Eles também defendiam a ética como principal bandeira do partido.

Eu voltei em Lula em 1989, campanha em que a Globo passou o rodo nas pretensões do PT de governar o país. Votei em Lula em 1994, quando Itamar Franco praticamente deu de bandeja o governo a FHC, dando-lhe o crédito por um projeto econômico surgido nas estruturas burocráticas do Banco Central e pertencente à sua gestão. Votei em Lula em 1998, quando FHC escarrou em nossas caras o medo dos brasileiros de perder o sonho dourado da estabilidade econômica, quando na verdade estávamos falidos e mal pagos (Se tiver tempo e interesse, leia este muito bem escrito texto). Votei em Lula em 2002, quando havia caído a máscara do príncipe dos sociólogos — se eu fosse sociólogo, detestaria este título dado ao FHC. Votei em Lula em 2006, ainda sem saber ao certo o que significava o mensalão: um fato ou um novo golpe à la 1989. Descobri depois que não era só fumaça, mas havia muito fogo dentro daquele partido que eu julgava ético e honesto.

Não quero escrever sobre todos os 'escândalos' envolvendo o PT, o DEM, o PSDB e o PMDB. Todo mundo já os conhece, apesar de que nunca saberemos até onde vai a verdade e onde entram a Globo, Veja etc., etc. Para mim, uma denúncia bem fundamentada é o suficiente para estragar todas as laranjas do cesto petista. O PT tem se envolvido em denúncias e isto foi o suficiente para que eu me sentisse traído e revoltado enquanto homem e cidadão. Os outros três partidos (e suas repartições em legendas menores) sequer podem sair para o ataque, historicamente corruptos que são. Sujos não deveriam falar de mal lavados. Mas eu posso! O PT não me representa, porque tenho princípios de ética, antes de ter princípios políticos. Não quero passar uma procuração política para aqueles que podem utilizá-la para aparelhar o estado, comprar deputados ou desviar verbas.

Por outro lado, tenho ódio político (para separar este do ódio pessoal, se for possível) de tudo o que representa o PSDB. Vivi todos aqueles anos terríveis de FHC, que, sobre o legado da estabilidade, nos impôs uma recessão que matou minhas esperanças de entrar no mercado de trabalho logo após a conclusão de meu curso. Eu ainda me lembro das canalhices deste velho político, que chamou aposentados de vagabundos, enquanto estava ele próprio aposentado. Eu ainda me lembro do golpe e da indecência da reeleição, quando FHC comprou o congresso, enquanto a imprensa, com a liberdade que lhe dada, ficava calada. Eu não me esqueço dos juros estratosféricos, que impediam o crescimento do país, para financiar sua política deficitária. Eu me lembro até de coisinhas menores, mas não menos importantes para mim, como a correção da tabela do IR, nunca feita pelo príncipe dos sociólogos, por conta de sua sanha arrecadadora. Não dá para esquecer o PSDB — não mesmo!

Acontece que agora não dá para ficar, não dá para correr. E a questão que se apresenta é a seguinte: votar no sujo ou votar no mal lavado? Não adianta: nossos princípios de certo e errado não vão ajudar em nada. Anular o voto, única alternativa aparente para a ética e a honestidade, equivalerá a ajudar um ou outro. Neste sentido, discussões sobre suas escolhas soam tão miseravelmente desonestas quanto o PT/PMDB ou o PSDB/DEM. Argumentos políticos soam tão sensatos como Maquiavél e seus conselhos terríveis.

Portanto, nestas eleições, justificar o voto, ou seja, torná-lo justo, só é possível se você não puder votar. Se puder votar, você terá que votar, sob pena de aumentar a vantagem de votos válidos ao sujo — ou ao mal lavado. É pensando em mágoas antigas, e não nas novas, que votarei mais uma vez no PT. Votarei com raiva, votarei com certo asco, mas terei que votar. Somente porque não há alternativa válida, que votarei em Dilma. Não posso justificar isto, com tentei argumentar. Mas quero registrar aqui que voto tão indignado quanto poderia estar.

Mas do que nunca (... na história deste país?), os homens bons da sociedade têm deixado os homens maus governá-los. Até quando, Senhor?

domingo, 24 de outubro de 2010

Para começar...

Parece mentira...

... mas é verdade: demorei quase quinze anos para me decidir a escrever um blog. Sempre achei que a Internet seria um espaço para o diálogo, para a confraternização de mentes, para se conhecer e ser conhecido, enfim, para compartilhar.

No começo, achei que isto aconteceria via bate-papos. Fui assíduo frequentador de salas de bate-papo ou de programas IRC. Encontrei excelentes pessoas, fiz boas amizades, mas percebi que, com o tempo e com popularização deste serviço, o bate-papo acabou se tornando um lugar para cyber. Com pouco mais de três acho de Internet, havia abandonado os bate-papos.

Havia um bate-papo diferenciado, que era o ICQ. Eu poderia conversar apenas com as pessoas que faziam parte de um grupo seleto de contatos. Foi bom, mas também não durou muito. Muitas vezes a gente ligava o computador para trabalhar, mas era incomodado com o 'Oh! Oh!' característico do programa e um convite para conversar, interrompendo o trabalho. E, mesmo que isto não acontecesse, era um tanto estranho entrar e sair da Internet sem dar um 'Olá' para um conhecido que estava conectado. Sei lá... não sei se foi porque o ICQ foi vendido... enfim, deixei de usá-lo também.

Neste meio termo, assinei um serviço muito interessante, assim que o conheci. As lista de discussão prometiam reunir as pessoas com interesses comuns, para otimizar o debate. Eu me inscrevi em algumas: xadrez, informática, política etc. O interessante nesta experiência foi ver que, mesmo reunindo pessoas que declararam ter o mesmo interesse em discutir um mesmo assunto, a quantidade de [OFF TOPIC] superavam em muito os tópicos direcionados ao ponto da lista. Além disto, não dava para ler tanta coisa que despencava em minha caixa de e-mail, todos os dias.

Daí surgiram as plataformas de jogos multiplayers. Maravilha! Agora conhecerei pessoas e ainda praticarei meu xadrez com outros jogadores que não meus amigos de clube. Foi uma experiência maravilhosa, até que a plataforma do Chessmaster fosse desfeita e eu descobrisse que as outras plataformas agrupavam tanta gente que ninguém queria fazer amizade com ninguém - apenas jogar. Ainda jogo hoje em dia, mas muito eventualmente.

Veio o novo milênio, o estouro da bolha, a queda das torres e o nascimento da Web 2.0. Eu entrava na Internet e ficava entediado com o 'nada para fazer'. Incrível! Eu, ali, com o mundo ao meu alcance e... nada para fazer. Ler é sempre uma opção, mas a gente quer mesmo é se falar, trocar idéias, aprender com outras pessoas. Neste sentido, nada de novo no front.

Ficou assim até o início do Orkut. Não fui um dos primeiros a aderir, mas entrei neste barco desde 2005. O mais incrível foi achar uma comunidade com milhares de pessoas de minha cidade, Vitória da Conquista. Nesta época, eu gostava de escrever sobre política e havia na comunidade uma boa quantidade de pessoas falando sobre isto. Entrei e logo me engajei. Os debates, no entanto, nunca rendiam o esperado. Ou havia alguém disposto a falar e outros interrompiam a conversa, ou mesmo não havia ninguém com a mesma disposição que a minha. Desisti.

De lá para cá, tenho sido um assíduo leitor de notícias e tenho apenas usado a Internet para troca de e-mails. Não que esta não seja uma forma maravilhosa de se comunicar, mas eu gostaria de mais. O Facebook e o Twitter não são interessantes para mim.

Aí entra este blog. É uma última tentativa de manter contato com a parte que vale a pena na Internet. Sei que há pessoas interessadas no debate, ou interessadas em escrever pelo simples prazer de escrever. Há também pessoas que, como eu, estão interessadas em ler. Decidi então escrever. Escrever ao léu, escrever ao vento, escrever aos montes. Apenas escrever. Que me leiam aqueles que o queiram. Ainda que apenas eu queira me ler, escreverei.

Vamos ver se esta é mais uma etapa em minha vida de Internauta...